LUCAS  FLYGARE

Abrem-se as cortinas do palco e na boca de cena, ali no espaço que o público pode enxergar, vê-se o corpo.

Esta exposição apresenta reflexões sobre a construção do corpo, a partir da impregnação de Lucas no mundo da arte através da dança, o que ampliou sua percepção das relações de poder que afetam os corpos.

Da boca-de-cena só vemos o corpo e sua aparência, sem perceber o que moldou aquela construção. É da experiência como bailarino que o artista traz a consciência de que somos a partir e com um corpo.

Questionando o dualismo do pensamento ocidental entre sujeito e objeto, é do seu próprio corpo que traz o desejo de resistência e de vida, a compulsão do movimento que se mostra e a certeza de que a constituição física é ao mesmo tempo morada, mente e instrumento.

Sua poética atravessada pela dança, performance, fotografia, apropriação, pintura, instalação, vídeo e objeto cria um diálogo entre ritmos, gestos, movimentos e articulação de espaços, como uma espécie de ordenação coreográfica que busca compreender a doutrinação dos corpos.

O corpo de que trata é aquele que aprende a ser humano nos acontecimentos, afetos e dissabores. A partir do viver é que encontra possibilidades de avançar sobre o poder que tenta cada vez mais nos conter.

Analisando modelos e modismos estéticos, para Lucas o corpo não é o vazio que contém uma essência, não é casca, mas como construção cultural, o corpo traz a dubiedade entre força e fragilidade, matéria e pensamento, beleza e feiura, padrões e rebeldia, etc.

Esse corpo construído é hábito que se faz pela repetição ou por oposição. O corpo, seja ele pessoal ou o corpo social e coletivo, provoca atração e repulsão, é capaz de explosão ou inércia.

E sobre tudo, como centro das reflexões presentes nas pesquisas de Lucas Flygare, o corpo é político.

 

Professora Dra. Lucila Horn

Curadora