MEMÓRIA DA PELE - INSTALAÇÃO
2020
Projeções de imagens sobre papeis grudados e sobrepostos na parede
Tamanho variável
MEMÓRIA DA PELE - Da série “Caixas cênicas”
2020
Caixa de vidro, gesso, carvão ativado vegetal em pó, pedra de turmalina negra e fotografias impressão fine art
15 cm x 22 cm x 20 cm
NOCTURNO
2017 - 2018
Seduzido pelas ruas do centro, que se transforma durante a noite com o surgimento de seres da madrugada ocupando o espaço urbano com sua própria dinâmica. Do alto de minha janela, sou privilegiado observador, me preservando de ser notado ou interferir. À partir de então, me aproprio desse material para poder transformá-lo em uma reflexão sobre a quem pertence o espaço das cidades. O que os olhos do dia não querem ver, a noite se faz protagonista.
DES-CONSTRUÇÕES TRANSITÓRIAS
2018
Projeto composto por fotomontagens elaboradas em suporte físico (fotografias em papel coladas criando a partir das sobreposições novas imagens), dois vídeos arte e uma instalação. Realizado entre 2018 e 2019 para pensar a cidade de Florianópolis entre o real e imaginário, que se articulam poeticamente a partir da tensão entre as ondas do mar e uma ponte e uma reforma que parecia sem fim. Metáfora de um processo de desconstrução identitária de uma conexão longe de viabilizar-se.
PARADE OF NOWHERE ou DES-ALEGORIAS
2018
Este ensaio, composto por fotografias documentais das ruínas de alegorias de carnavais passados deixadas próximo ao centro histórico da cidade de Florianópolis, resulta em 15 imagens, das quais 10 são fotomontagens elaboradas em suporte físico (fotografias em papel coladas criando a partir das sobreposições novas imagens).
A Festa acaba, restam os destroços e ecoa latejante o estandarte: não deixe o samba morrer, não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar.... No pedacinho de terra perdido, de um lado o mar, do outro a presença da plateia que originariamente produziu o espetáculo (a população das comunidades carentes), e que na divisão de trabalho, constrói e produz, mas não usufrui do gozo. Os esqueletos deteriorados em abandono, fragmentos e ruinas da grande festa popular compõe metaforicamente um parque lúdico e ficcional de um desfile alegórico da sociedade neocolonial de descarte e do consumo insano.
Diante de um cenário surreal, encontro um tipo de mundo paralelo, onde um desfile em decomposição possibilita pensar sobre a festa original, sobre transitoriedade e permanência. Da festa de um dia permanece o cenário inanimado que permite focalizar na construção e percepção da imagem como representação da experiência humana entre melancolia e beleza, entre euforia e abandono, entre paixão e esquecimento. Seja como um pensar a cidade em seu contexto de relações fugazes ou a reflexão sobre vida como lugar provisório, reelaboro a tensão entre o real e imaginário, procurando equivalentes para desmonumentalizar o carnaval como produto mercadológico, e construir uma metáfora do mundo como construção social.
(no)DECAMERON
2020
Saí novamente com a desculpa de ir comprar comida, preciso sair de vez em quando. Antes de tudo, vem o alívio de colocar os pés fora de casa. Começa a minha caminhada solitária pelas ruas de Florença; a impressão é de estar em um escasso baile de máscaras. A cidade está quase vazia e se veem mais rastros de vida nos prédios antigos do que pessoas na rua. Ficaram apenas seus verdadeiros moradores e aqueles que não tiveram escolha. Já não se escuta o som frenético dos turistas e das grandes excursões que desbravavam, não tão corajosamente, as velhas construções. Passo por um prédio e é possível ouvir o tilintar dos talheres na louça. Mais à frente, o heavy metal de um dos apartamentos contrasta com a “paz" instaurada. Vejo uma mulher, talvez sozinha, em sua janela, dançando e cantando de forma catártica (quando vou chegar nesse ponto?).
Depois de tantos dias, todas essas cenas começam a parecer normais. Olhares se cruzam com medo. Acredito que de forma semelhante com tempos de guerra, mas, nesse caso, não podemos buscar conforto no outro. Há cada dia a real proporção da pandemia vai despertando nas pessoas. A Itália já ultrapassou o número de mortos chineses em centenas. Ao chegar no supermercado, a fila é grande: não por causa da quantidade de pessoas, mas pela distância entre elas. Uma senhora - sem máscara - vem rapidamente até mim e direciona-me frases desconexas. Esquivo-me para o meio da rua, dando distância segura, enquanto ela segue o seu caminho. Nunca senti tanto medo de uma velha senhora. As pombas em frente ao Palácio Pitti estão calmas, descansando sobre o sol sem humanos para atrapalhá-las. O silêncio é magistral e assustador.
Há momentos de genuína serenidade, uma serenidade que não me lembro de ter sentido outra vez na vida, talvez na infância. Meus devaneios burgueses param por um instante, já é quase madrugada e na janela em frente a minha vejo uma mulher em seu roupão rosa claro estampado - seriam flores? Ela caminha pela sala de estar incessantemente, como um grande tigre enclausurado em uma pequena jaula. Tenho vontade de sair de casa com minha câmera e documentar tudo, mas não posso me arriscar novamente, não quero ser preso. Alguns dias atrás, vi o depoimento de uma médica do norte da Itália, com lágrimas nos olhos, contava sobre as centenas de infectados morrendo sozinhos em leitos de hospitais superlotados, sem qualquer ente querido ao seu lado. Há momentos em que vivo completamente o presente, no entanto, meus pensamentos estão ligados às possibilidades futuras... Loops de ideias; limbo de ações. Gostaria de estar em algum lugar que não fosse aqui. Não existe mais uma “normalidade” para se voltar. As feridas da sociedade estão abertas, suas fragilidades, expostas. Lucas Flygare, Firenze, março/2020
ÍNTIMA FINITUDE
2018 - 2019
JANELAS DE VIDRO
2019
O contraste entre dentro e fora, o equilíbrio entre liberdade e segurança. Vivemos em uma sociedade que constrói muros, barreiras vítreas, nos quais em sua grande maioria são quase invisíveis e impenetráveis.
LAPSOS
2019
Momentos aprisionados em lacunas do tempo, passado e presente entrelaçando-se. Fragmentos encapsulados em camadas de história que atravessam realidades. Lapsos impregnados de nostalgia de períodos não vivenciados, apesar de familiares. Cidades onde as diversas arquiteturas convivem num grande corpo aberto, interligados por artérias e veias pulsantes.